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26/04/2025 20:48:07
Perfis econômicos de Mossoró

               Desde a sua formação como povoado em 1772 até os dias atuais, Mossoró passou por diversos perfis econômicos. E esses perfis moldaram a Mossoró que temos hoje. São cinco momentos, ao longo da sua história, cada um refletindo, de certa forma, as tendências regionais, nacionais e até mundiais. Convido-vos, portanto, caro leito, para uma viagem através da história econômica de Mossoró.
               Começamos com o período que vai de 1772, quando surge o povoamento, até 1857, quando a Companhia Pernambucana de Navegação Costeira começou a fazer escala normal no Porto de Mossoró, (atual porto de Areia Branca), estabelecendo uma nova relação entre Mossoró outras cidades.
               A exemplo de muitas outras cidades nordestinas, Mossoró nasceu no rastro do gado. Foi o gado que fixou o homem na ribeira do Mossoró. A terra plana, de vegetação rasteira, a presença do rio e a existência de lambedores salinos fizeram com que a região se apresentasse como perfeita para a criação de gado. E essa atividade, como na sentença bíblica, cresceu e se multiplicou. E a região passou a ser fornecedora de gado para a indústria açucareira nordestina, em especial a de Pernambuco. Para escoar a produção, existiam os chamados “caminhos do gado”, que eram: a estrada de Aracati/CE de onde vinham os tropeiros trazendo as mercadorias a serem consumidas na cidade; a estrada de São Sebastião (atual Governador Dix-sept Rosado), por onde as boiadas poderiam seguir até o Sertão da Paraíba e a estrada para Porto Franco, onde as boiadas poderiam seguir até o porto onde seriam embarcadas para Recife.
               Mas com a decadência da indústria açucareira nordestina, em virtude da difícil penetração do açúcar brasileiro no mercado mundial, essa atividade econômica chegou ao fim. Mas um fenômeno natural acabou oferecendo a Mossoró a oportunidade de um novo perfil para a sua economia. Acontece que com o assoreamento do Porto Fluvial de Aracati/CE em 1857, a Companhia Pernambucana de Navegação Costeira começou a fazer escala normal no Porto Franco, delegando a Mossoró uma nova especialização econômica que perdurou por várias décadas. Desse modo, Mossoró começa a fazer parte de uma importante rota de exportação da produção agrícola do algodão, pois seus antigos “caminhos do gado” ligavam as áreas de produção do sertão norte-riograndense ao Porto Franco, em Areia Branca. Nascia assim o segundo perfil que foi o de empório Comercial, que vai de 1857 até 1930, quando o transporte de mercadorias por vias marítimas e fluviais perde a sua importância para o transporte por terra, estabelecendo uma nova relação entre as cidades nordestinas. Mas essa fase foi muito boa para Mossoró.
               Em 15 de março de 1852 o pequeno povoado de Santa Luzia do Mossoró separou-se de Assu, a quem era ligada até então, emancipando-se politicamente com o nome de Vila de Santa Luzia do Mossoró. A Vila tinha uma posição estratégica, que se prestava muito bem para o comércio, pois estava localizada entre duas capitais, Natal e Fortaleza, e ao mesmo tempo entre o mar e o sertão. Sua área de influência ia, além de toda região do Oeste potiguar, a parte da Paraíba e também do Ceará. Dessa forma, todos os produtos produzidos no Sertão, como peles, algodão e outros produtos regionais eram trazidos para a Vila de Santa Luzia e daqui exportados para outras regiões, e até para a Europa. Um fator que influenciou muito esse desenvolvimento foi a chegada, em 16 de novembro de 1868, do industrial suíço Johan Ulrich Graff, que se estabeleceu em Mossoró com a famosa “Casa Graff”, alavancando o seu desenvolvimento econômico com ideias mercantilistas, associadas ao capital aqui investido. Outros comerciantes estrangeiros, que antes estavam estabelecidos em Aracati, com o assoreamento do rio, migraram para Mossoró. Pelo desenvolvimento alcançado com esse novo perfil econômico, a Vila de Santa Luzia de Mossoró é elevada, em 9 de novembro de 1870, ao predicamento de cidade, com o nome de Cidade de Mossoró.
               Mas com o advento do caminhão e o desenvolvimento das estradas de ferro, por volta de 1920, Mossoró viu seu comércio enfraquecer. A sua estrada de ferro pouco avançava e as estradas de rodagem eram quase inexistentes. Aquelas regiões que antes dependiam exclusivamente de Mossoró para o seu abastecimento, passaram a ser abastecidas por outras praças. O fortalecimento da praça de Campina Grande/PB, fez com que vários comerciante migrassem com seu capital para a nova praça, desaparecendo assim a maioria das grandes firmas aqui estabelecidas, principalmente o comércio de tecidos. E desse modo, a partir da década de 1930, Mossoró muda, mais uma vez, o seu perfil econômico.
               Continua na próxima semana.